20-30-01 de setembro, tudo se misturando.
A Mostra de Interpretes Criadores Alaya Dança tem sido um
intenso mergulho em como relacionar questões e pensamentos. Muitas vezes somos
levados a retomar as conversas, e isso é essencial para encontramos o sentido
de tudo que queremos discutir e fazer. Pois por vezes, é mais importante saber
o que não queremos fazer, para depois alcançamos o que queremos realmente fazer.
E a própria experimentação é um meio de depararmos com questões a serem
discutidas, numa relação direta com nossas perguntas, podemos localizar meios
de fazer dos nossos movimentos a essência de tudo que queremos falar. Sem
necessariamente falarmos de tudo. Muitas vezes o que é necessário na cena, é
apenas o essencial pra que ela faça sentido. Às vezes encontramos coisas que
são necessárias de encontramos, saber o que queremos, é fundamental para que,
de fato, encontremos sentido no que estamos fazendo. E a ação cênica é estimulada
de sentido. O passo a passo tem sentido, deixe o movimento se expandir, deixe
que o movimento se manifeste, esse foi nosso grande desafio nesses últimos dias.
O corpo, diferente do rádio, é um veículo de comunicação que
modifica a informação captada, a ser transmitida. O corpo não é um mero
transmissor de informação, ele codifica e modifica as informações de acordo com
seu estado atual, com sua consciência, com seu presente. A matéria do corpo é o
movimento e a metáfora do corpo é o sentimento. Aqui fomos estimulados a
movermos nossos corpos a partir dos ossos. A forma é o que faz as coisas serem
o que são, e na dança o movimento pode até ser a forma de levantar questões,
pois ele é carregado de possibilidade. Embora o corpo não dê conta de falar de
tudo.
Não premeditar o movimento pode parecer um excelente meio de
encontrar a sua essência. Sem querer chegar ao final do movimento antes dele
começar, e sem deixar com que os padrões formatados prevaleçam, pode ser uma
forma eficaz de encontrarmos nossas questões. E assim fizemos por horas sobre a
orientação de Rosa Hercules, sem música alguma, mas sobre comandos precisos, e
recheados de questionamentos.
Retomando os trabalhos anteriores, requeremos muita sintonia
e diálogo com nossas escolhas. Deparamo-nos com o silêncio, com a dúvida. Colocarmo-nos
no “aqui agora”, talvez tenha sido o maior desafio desses últimos dias com Rosa.
Foi um misto “teórico-prático” que nos fez imergir num nível profundo de
entendimento de nós mesmo. A sensação dos ossos, o tamanho e forma de cada
parte, a repetição como algo que predomina. Premeditar não é um sinônimo de
escolha. No caso do corpo a escolha não deveria ser a forma simplesmente, é necessário
percepção, ação. Os dias de imersão tem sido intensos e proveitosos, próxima
semana, seremos conduzidos por Lina do Carmo que já esteve conosco de forma
presencial e em poucos momentos se colocou de forma contundente e pontual. Lina
sem dúvida, foi um dos grandes motivos que me fizeram me inscrever nessa
plataforma de interpretes criadores Alaya Dança assim com Lenora Loba ambas são
conterrâneas que eu admiro. Que venha então uma semana que certamente será
surpreendente. Valeu Alaya. E todos colaboradores do Brasil.