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sábado, 1 de outubro de 2016

Alaya

20-30-01 de setembro, tudo se misturando.
A Mostra de Interpretes Criadores Alaya Dança tem sido um intenso mergulho em como relacionar questões e pensamentos. Muitas vezes somos levados a retomar as conversas, e isso é essencial para encontramos o sentido de tudo que queremos discutir e fazer. Pois por vezes, é mais importante saber o que não queremos fazer, para depois alcançamos o que queremos realmente fazer. E a própria experimentação é um meio de depararmos com questões a serem discutidas, numa relação direta com nossas perguntas, podemos localizar meios de fazer dos nossos movimentos a essência de tudo que queremos falar. Sem necessariamente falarmos de tudo. Muitas vezes o que é necessário na cena, é apenas o essencial pra que ela faça sentido. Às vezes encontramos coisas que são necessárias de encontramos, saber o que queremos, é fundamental para que, de fato, encontremos sentido no que estamos fazendo. E a ação cênica é estimulada de sentido. O passo a passo tem sentido, deixe o movimento se expandir, deixe que o movimento se manifeste, esse foi nosso grande desafio nesses últimos dias.
O corpo, diferente do rádio, é um veículo de comunicação que modifica a informação captada, a ser transmitida. O corpo não é um mero transmissor de informação, ele codifica e modifica as informações de acordo com seu estado atual, com sua consciência, com seu presente. A matéria do corpo é o movimento e a metáfora do corpo é o sentimento. Aqui fomos estimulados a movermos nossos corpos a partir dos ossos. A forma é o que faz as coisas serem o que são, e na dança o movimento pode até ser a forma de levantar questões, pois ele é carregado de possibilidade. Embora o corpo não dê conta de falar de tudo.
Não premeditar o movimento pode parecer um excelente meio de encontrar a sua essência. Sem querer chegar ao final do movimento antes dele começar, e sem deixar com que os padrões formatados prevaleçam, pode ser uma forma eficaz de encontrarmos nossas questões. E assim fizemos por horas sobre a orientação de Rosa Hercules, sem música alguma, mas sobre comandos precisos, e recheados de questionamentos.  

Retomando os trabalhos anteriores, requeremos muita sintonia e diálogo com nossas escolhas. Deparamo-nos com o silêncio, com a dúvida. Colocarmo-nos no “aqui agora”, talvez tenha sido o maior desafio desses últimos dias com Rosa. Foi um misto “teórico-prático” que nos fez imergir num nível profundo de entendimento de nós mesmo. A sensação dos ossos, o tamanho e forma de cada parte, a repetição como algo que predomina. Premeditar não é um sinônimo de escolha. No caso do corpo a escolha não deveria ser a forma simplesmente, é necessário percepção, ação. Os dias de imersão tem sido intensos e proveitosos, próxima semana, seremos conduzidos por Lina do Carmo que já esteve conosco de forma presencial e em poucos momentos se colocou de forma contundente e pontual. Lina sem dúvida, foi um dos grandes motivos que me fizeram me inscrever nessa plataforma de interpretes criadores Alaya Dança assim com Lenora Loba ambas são conterrâneas que eu admiro. Que venha então uma semana que certamente será surpreendente. Valeu Alaya. E todos colaboradores do Brasil.